sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Prêmio ou escola?

A seleção Brasileira é o topo da carreira de qualquer jogador. Ou, até pouco tempo atrás, era. Hoje, como fica meio claro, por escolha da CBF e uma renovação forçada, não é mais. Você pode chegar ao topo por méritos, por conquistas ou por experiência. Pode ser chamado na tentativa de descobrir se, daqui 4 anos, você será craque.
O conceito de seleção está errado. Ele não pode ficar experimentando e tentando adivinhar o futuro do futebol. Seleção reune os melhores, ponto final.
Não condenarei o Mano pelo mesmo motivo que não condenei o Dunga. Pediram que ele faça  X, ele está fazendo X. O problema é o pedido em si.
Quer chamar o Victor pra seleção? Ok. O Jefferson? Pode não ser o melhor, mas tem estrada. Agora… o goleiro do Avaí? O do Atlético PR que não joga de titular em seu clube ha mais do que 2 meses não pode ir pra seleção.
Não porque ele não tenha potêncial, mas porque é vulgarizar demais o topo.
Pode chamar o Neymar, que é um ET, desde que ele se firme em seu clube. Não pode chamar um reserva de 19 anos que você ACHA que TALVEZ possa vir a ser craque daqui 4 anos.
Treinar time a cada 2 meses visando Copa daqui 4 anos é mentira. Nunca funcionou, nem vai funcionar. Os caras mudam, se machucam, a seleção deveria ser renovada naturalmente neste período, não apenas “pós-Copa”.
Posição você conquista e um dia perde pra alguém. Isso é natural, não requer ordem de cima: “Vamos renovar!”.
São garotos, Mano quer pensar na pré-olímpica, que seja. Mas se a seleção vai focar nisso, que use jogadores que se firmam em seus clubes. A seleção não pode contar com jogadores que não atuam nos seus times, é premiar o “nada”.
Apostas são apostas. Quem achava em 1996 que o Athirson não seria o lateral da seleção nos próximos anos? Foi? Não foi.
Denílson não era o indiscutivel meia/atacante em 98? Foi? Não foi.
E assim posso passar a tarde citando exemplos. Você não precisa apostar na seleção. Ali você escolhe, leva quem provou no clube e é um prêmio pro sujeito, não uma etapa da carreira.
Antigamente nego sonhava em chegar a seleção. Hoje ele joga 10 partidas e é surpreendido com uma convocação. Isso não existe, a seleção não é nada disso. O topo tem que ser o topo, e o prêmio não pode vir antes do resultado.
O  caso do Philippe Coutinho é tipico. Pato mesma coisa. Quando chamados pela primeira vez, nem titulares em seus times eles eram. É apostar demais num garoto que está queimando etapas.
Quer um exemplo polêmico, mas coerente? O Afonso. Ele se firmou no clube dele, fez os gols, foi artilheiro e aí cabe ao técnico da seleção testar ou não. Mas se ele não tivesse cumprido as etapas no seu clube, qualé o motivo pra ele chegar a vestir a maior camisa do mundo?
A lista do Mano é boa, tem vários nomes interessantes e que merecem uma chance. Daí a convocar jogadores que acabaram de surgir, ou garotos de 19 anos que ninguém sabe onde vai dar, acho exagero.
A seleção é e tem que ser o prêmio máximo da carreira de um  jogador e não uma “etapa” para se firmar. Ali chegam os gigantes, os que brilham, se firmam e não deixam dúvidas em seus clubes. Se for levar pra “experimentar”, deixa de ser seleção e passa a ser um time nacional testando peças pra achar 23.
Não é o caso, pelo menos no que eu entendo por “seleção brasileira”.
Acho que as trocas tem que ser naturais, aos poucos e sem ordem pra isso. Enquanto o Joaquim for o melhor zagueiro, ele joga. SE vai estar inteiro em 2014 ou não, é outro papo. Mas ele é o melhor, a vaga é dele.
Não acredito em treino de 2 anos, menos ainda em 4. Menos ainda sabendo que são encontros a cada 2 meses onde se treina 3 dias e olhe lá. Isso não dá padrão pra ninguém. O time se formará em competições mais longas, tipo Copa América, Copa das Confederações e Pré-Olímpico.
Teste o Neymar, o Ganso, o André, o Mariano. Mas não testem garotos que não se firmaram nem em seus clubes ainda.
É prêmio antecipado, e quem paga adiantado corre risco de ficar sem o serviço.